Reparação Bacia do Rio Doce

UFV apresenta projeto de pesquisa e extensão na área de restauração florestal da bacia do rio Doce

Publicado em: 17/12/2020

Economia Local , Recuperação Florestal , Uso Sustentável da Terra

Projeto firmado com a Fundação Renova fomentou a produção de mais de 22 mil mudas em Viveiros localizados em quatro propriedades rurais atingidas. As mudas foram produzidas com a tecnologia de inoculação com microrganismos benéficos, trazendo diversos benefícios ao processo de Restauração Florestal.

 

Quatro agricultores das cidades de Mariana e Barra Longa (MG) e suas famílias assumiram o cultivo de mudas nativas em viveiros por meio do projeto Ater Viveiros Familiares, parceria da Fundação Renova com a Universidade Federal de Viçosa (UFV) e a Fundação Arthur Bernardes (Funarbe). Os resultados da iniciativa, firmada em 2018, foram apresentados em novembro em webinar realizado com representantes da UFV e do programa de Uso Sustentável da Terra (UST) da Fundação Renova.

A pesquisa da UFV, apoiada pela FR, tem como proposta a produção de mudas inoculadas com microrganismos benéficos, tornando-as mais aptas ao plantio em ambientes inóspitos, como os locais onde houve a deposição de rejeitos. Além disso, o projeto visa a diversificação de renda nas propriedades rurais por meio do empreendedorismo na produção de mudas florestais nativas. Em 2019, cada uma dessas famílias receberam cerca de 5,5 mil mudas e capacitação pelos técnicos da UFV para cuidar das mudas até que estivessem prontas para serem levadas para o campo.

“A iniciativa tem como propósito gerar outras alternativas de renda para as propriedades rurais que são, em sua maioria, dependentes da pecuária leiteira, além de estimular o empreendedorismo e fomentar a produção e comercialização de mudas florestais nativas na região do Alto Rio Doce, carente desse mercado.”, diz Andreia Dias, analista de uso sustentável da terra da Fundação Renova.

Os quatro viveiros venderam 7200 mudas na primeira remessa, realizada no último mês de dezembro. Já na segunda expedição, feita nos dias 13 e 14 desse mês, foram comercializadas 7740 unidades. Está previsto para fevereiro o envio de mais 5 mil mudas, também para a região do Alto Rio Doce, para recuperação de nascentes. O projeto Ater Viveiros Familiares integra o Programa de Recuperação da Área Ambiental 01, previsto pelo Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC).

 

Educação e Retorno Socioambiental

 

O doutor em microbiologia pela UFV, Paulo Prates, durante o encontro realizado em novembro,  apresentou os processos adotados, desde a contratação de uma empresa para a produção de composto e outra para a produção de inóculos. Para a realização deste processo, os técnicos da universidade realizaram a orientação de forma com que fossem produzidas mudas de qualidade.

A inoculação é o processo por meio do qual os microrganismos benéficos do solo são introduzidos no substrato para produção das mudas. O objetivo da pesquisa realizada foi melhorar a qualidade das mudas de espécies florestais nativas a serem utilizadas na revegetação das áreas impactadas pelo rejeito.

O substrato inoculado foi desenvolvido na UFV por meio de pesquisas de mestrado e doutorado, apoiados pela Fundação Renova. Antes de ser enviado ao mercado, o produto passou por testes em escala semioperacional pelos viveiros mobilizados pela Fundação Renova.  Dessa forma, os viveiros familiares e o viveiro Ouro Verde, hoje o maior produtor de mudas em Minas Gerais, foram beneficiados com essa tecnologia customizada para as espécies da bacia do rio Doce.

“Quando as plantas eram transferidas, notamos que elas sobreviviam às condições do rejeito, e isso foi um incentivo para a gente. Houve um processo de seleção e isolamento dos microrganismos para que os mesmos fossem adequados ao solo”, lembrou Paulo.

Por meio da inoculação, é aumentada a resistência das mudas, facilitando a sua aclimatação em solos menos férteis, como o solo impactado pelo rejeito. Dessa forma, a mortalidade das plantas diminui, favorecendo a biodiversidade, tanto pela presença de espécies florestais nativas quanto pela ação positiva de microrganismos na recomposição da fertilidade do solo e no aumento da disponibilidade de nutrientes.

Para a professora Maria Catarina Megumi Kasuya, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Microbiologia Agrícola da UFV,  o esforço conjunto de professores, alunos, agricultores, além da parceria e presença da Fundação Renova, foram determinantes durante o processo. Durante a apresentação, Kasuya apresentou dados comparativos, antes e depois da execução do projeto, que trouxeram resultados logo nos primeiros seis meses de execução. “Só a presença da planta ali, já gerou resultados”, recordou.  O grupo ainda realizou visitas a viveiros em Minas e no Espírito Santo, a fim de conhecerem e aprimorarem técnicas de cultivo e manejo das plantas nativas.

 

Este conteúdo foi útil para você?

Deixe seu comentário