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Criação de abelhas sem ferrão proporciona nova fonte de renda no Espírito Santo

Publicado em: 14/05/2018

Economia Local

Além de renda, a criação das meliponíneas, como também são conhecidas, acelera a recuperação do meio ambiente, já que são as principais responsáveis pela polinização da maioria das espécies vegetais do Brasil

O Brasil tem mais de 200 espécies nativas de abelhas sem ferrão, também chamadas de meliponíneas. Originárias de regiões de clima tropical e subtropical, elas produzem mel com 10% menos açúcar que abelhas exóticas e com características diferentes de acordo com a espécie produtora. Enquanto alguns são mais viscosos e doces, outros são mais líquidos e azedos. Tanta variedade e exclusividade transformaram a criação racional de meliponíneas – ou meliponicultura – em uma boa fonte de renda familiar, além de contribuir para a recuperação ambiental.

Desenvolvido por meio de uma parceria entre a Fundação Renova e a Associação dos Meliponicultores do Espírito Santo (AME-ES), o projeto “Meliponicultura na Foz” irá investir mais de R$ 270 mil no desenvolvimento da meliponicultura nos distritos de Areal, Entre Rios, Povoação e Regência, em Linhares, no Espírito Santo. O convênio irá entregar 216 colônias, das espécies jataí (Tetragonisca angustula), mandaçaia (Melipona quadrifasciata anthidioides) e uruçu-amarela (Melipona rufiventris). Juntas, elas poderão produzir até uma tonelada de mel por ano.

Trinta e seis famílias, de quatro distritos de Linhares (ES), receberão capacitação e ferramentas para o desenvolvimento da meliponicultura (criação racional de abelhas nativas sem ferrão) | Foto: Divulgação

No primeiro ano de implantação, a AME-ES irá ministrar cursos para capacitar 36 famílias, sendo nove em cada localidade, na criação das abelhas nativas. As aulas abordarão temas como a biologia das abelhas, alimentação, divisão das colmeias e produção do mel. No kit que cada morador receberá, além dos melipolinários, com caixas e abelhas, também estão incluídas as ferramentas necessárias para o manejo dos animais. No ano seguinte, acontece o acompanhamento e manejo, visando, inclusive, à produção de mel. A ideia é que cada meliponicultor seja responsável, ainda, pelo plantio de árvores frutíferas, que servirão como fonte de alimento para as abelhas. Ao mesmo tempo, as abelhas ajudarão na polinização, contribuindo para a recuperação da flora da região.

“Iniciamos nosso projeto em Regência no final de 2016, mas sem muitos recursos. Com a parceria com a Fundação Renova, poderemos acelerar as ações. O primeiro beneficiado pela meliponicultura é sempre o meio ambiente, uma vez que a vegetação nativa é altamente dependente da polinização. A atividade também ajuda a gerar renda, já que as pessoas vão produzir mais frutas, mais verduras e mais legumes graças a essa polinização. A renda direta acontece por meio da venda do mel das abelhas sem ferrão, que tem um preço diferenciado e grande procura”, explicou o presidente da AME-ES, João Luiz Teixeira Santos.

A AME-ES avaliará as condições e selecionará as famílias que participam do “Meliponicultura na Foz”.  “Primeiro fazemos contato com as lideranças das localidades para verificarmos o interesse da comunidade. Logo após, realizaremos o primeiro curso e visitaremos as casas das famílias, assim analisamos o interesse e as condições para receber as abelhas, inclusive sob o ponto de vista do espaço físico para a instalação das colônias”, diz a coordenadora do projeto da AME-ES, Adriana Pessotti Bastos.

Além de contribuir com aumento de renda familiar, o projeto visa acelerar a recuperação do meio ambiente, pois as abelhas são as maiores responsáveis pela polinização e contribuem com a biodiversidade local e, consequentemente, com uma regeneração mais rápida da flora. “As abelhas nativas sem ferrão são originárias do nosso ecossistema e são muito mais eficientes na polinização das nossas matas que as abelhas exóticas. Elas são mais adaptadas biologicamente às nossas flores, assim, as fertilizam com mais facilidade e eficiência, acelerando o processo de recuperação ambiental”, explica Adriana Pessotti.

Os moradores que já participam do projeto percebem os benefícios da meliponicultura. “Começamos a cultivar as abelhas no início do projeto com a AME-ES. Desde então, as árvores frutíferas do nosso sítio passaram a produzir muito mais. Vimos uma grande diferença. Agora, pretendemos nos capacitar ainda mais, e a parceria com a Renova vai ser importante para isso”, afirmou a moradora de Regência Iracema Polese.

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