Reparação Bacia do Rio Doce

Bacia do Rio Doce tem mais de 500 nascentes recuperadas

Publicado em: 21/03/2017

Recuperação de Nascentes e Afluentes

Em parceria com o Instituto Terra, a expectativa é recuperar 5 mil nascentes em 10 anos

Um passo importante para a recuperação do Rio Doce acaba de ser concluído. Ao todo, 511 nascentes de afluentes da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, em Minas Gerais e no Espírito Santo, foram recuperadas. O trabalho foi realizado por meio de uma parceria entre a Fundação Renova e o Instituto Terra. A expectativa é recuperar cinco mil nascentes ao longo de 10 anos.

Das 511 primeiras nascentes recuperadas, 251 estão em Minas Gerais e 260 no Espírito Santo. O trabalho contempla as bacias dos rios Pancas, envolvendo os municípios de Pancas, Governador Lindenberg, Marilândia e Colatina; e Santa Maria do Doce, em Colatina, no Espírito Santo.

Em Minas, as ações foram na bacia do Rio Suaçuí Grande, nos municípios de Itambacuri, Frei Inocêncio, Jampruca e Campanário. A escolha das áreas prioritárias contou com a participação dos Comitês de Bacia e de lideranças das comunidades locais. O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (CBH-Doce) é quem tem a responsabilidade de indicar em quais bacias a Fundação Renova deve iniciar a recuperação das nascentes.

EM CAMPO

O produtor rural, Antônio Fantini, mantém uma propriedade de 10 hectares em Itambacuri (MG), localizado no Vale do Rio Doce. A parceria entre a Renova e o Instituto Terra providenciou o cercamento de dois olhos d’água no terreno de Fantini, nascedouros que formam o Córrego Cupim. “É uma iniciativa que compensa. Espero colher benefícios com essa ação. Eu já tinha alguns projetos para proteger essas nascentes, iria até cercar por conta própria. A iniciativa veio na hora certa”, explica. No terreno do produtor, o trabalho foi concluído em dezembro de 2016 e demandou 240 estacas e 314 metros de arame para cada nascente.

Fantini, que cria cerca de 30 cabeças de gado, diz saber da importância da medida de proteção para evitar que a criação impacte negativamente as nascentes, principalmente devido à compactação do solo. Ele acrescenta que a sensibilização junto aos produtores da região é bem-vinda. “Alguns cuidam das nascentes, outros não. É sempre importante esse trabalho. No final das contas, vai contribuir para a recuperação do Rio Doce”, conclui Fantini.

Das 511 primeiras nascentes recuperadas, 251 estão em Minas Gerais e 260 no Espírito Santo.

Das 511 primeiras nascentes recuperadas, 251 estão em Minas Gerais e 260 no Espírito Santo. | Foto: Divulgação

ETAPAS DO PROCESSO

Nessa etapa do processo de recuperação, produtores rurais receberam orientação técnica e todo o material para cercar as áreas de nascentes, como estacas, arames e grampos, além de um incentivo financeiro para realizar o trabalho. A partir dessa definição, 217 produtores se cadastraram e aderiram ao projeto, entendendo a importância da inciativa para o meio ambiente e também para manter as propriedades produtivas.

A ideia é que a proteção, por meio do cercamento, evite o pisoteio do gado nas áreas de nascente e a degradação vegetal, favorecendo a regeneração florestal. Com isso, o solo fica em condições favoráveis para reter a água da chuva, garantindo o recurso de qualidade para as atividades domésticas das propriedades e agrorurais, como irrigação, pasto e criação de pescados, por exemplo.

A próxima etapa, que será realizada até setembro de 2017, prevê a implantação de fossas sépticas nas propriedades, para evitar o despejo de esgoto no lençol freático. Além disso, contempla instalação de caixas secas e barraginhas, evitando o carreamento do solo e garantindo a captação da água da chuva para reaproveitamento.

De novembro deste ano a janeiro de 2018, no período chuvoso, também serão reflorestados cerca de 300 hectares em Minas Gerais e Espírito Santo. Preparação do solo, adubação e plantio de mudas de espécies da Mata Atlântica nas áreas de entorno das nascentes são ações que farão parte do trabalho.

INSTITUTO TERRA

O Instituto Terra é fruto da iniciativa do casal, Lélia Deluiz Wanick Salgado e Sebastião Salgado, que há pouco mais de uma década, diante de um cenário de degradação ambiental em que se encontrava a antiga fazenda de gado adquirida da família de Sebastião Salgado, na cidade mineira de Aimorés, tomou uma decisão: devolver à natureza o que décadas de degradação ambiental destruiu. Mobilizaram parceiros, captaram recursos e fundaram, em abril de 1998, a organização ambiental dedicada ao desenvolvimento sustentável do Vale do Rio Doce.

O Instituto Terra é uma organização civil sem fins lucrativos fundada em abril de 1998, que atua na região do Vale do Rio Doce, entre os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Trata-se de uma região do Brasil que vivencia as consequências do desmatamento e do uso desordenado dos recursos naturais como a seca, a erosão do solo e a falta de condições para o homem do campo viver e prosperar.

Atualmente, o Instituto Terra conta com 22 associados, sendo dois associados fundadores vitalícios, oito associados fundadores e 12 associados efetivos. Suas principais ações envolvem a restauração ecossistêmica, produção de mudas de Mata Atlântica, extensão ambiental, educação ambiental e pesquisa científica aplicada.

Deixe seu comentário